Estamos no ano 2057. Há trinta anos que na chovia no Alentejo e, desde ontem, sem mais nem, menos chove torrencialmente no Alentejo. Os rios e lagoas transbordaram, a terra empapou-se e as gentes rogam pragas.
Os alentejanos haviam entretanto descoberto a batata, o trigo, a bolota, a vinha e o pasto, que crescem sem necessidade de água. Outra grande descoberta foi o plantar a larangeiras sempre em grupos de três, muito juntas. Assim têm logo trinaranjus para os putos. Quanto ao leite nunca tiveram problemas: as vacas alentejanas adaptam-se à seca e passaram a dar leite em pó. No que diz respeito a eles próprios haviam substituído a àgua pelo vinho. Bebem vinho, cozinham com vinho, lavam-se com vinho. Tempos felizes que ameaçam chegar ao fim. Os mais novos nunca haviam visto àgua. Quando as nuvens começaram a despejar cairam em pânico. Uns esconderam-se debaixo cama, outros subiram para os telhados e muitos corriam de um lado para o outro, sem destino, monologando aturduídos: “Que tal está a moenga, compadri”!
Os mais religiosos fugiram para a Igreja a rogar a Deus que transformasse aquilo que caía do céu em vinhaça. Desde há dois dias que o Alentejo é um pandemónio.
E os meteorologistas afirmam a pés juntos que vai continuar a chover.
Explicam que devido ao aquecimento extremo, a corrente do Golfo alterou o seu curso e agora vai direitinha à costa alentejana. Ela transporta muita humidade e assim ocasiona chuva, chuva e mais chuva.
A propósito de chuva: quando estava hoje de manhã em Évora a fazer a reportagem vi um alentejano no passeio debaixo de uma goteira. A àgua caía a jorros sobre ele. Aproximei-me e perguntei: -“Oh! Amigo, porque na troca de lugar”? Responde ele muito calmo:
-“Eu cá trocava, mas com quem”?
Os alentejanos haviam entretanto descoberto a batata, o trigo, a bolota, a vinha e o pasto, que crescem sem necessidade de água. Outra grande descoberta foi o plantar a larangeiras sempre em grupos de três, muito juntas. Assim têm logo trinaranjus para os putos. Quanto ao leite nunca tiveram problemas: as vacas alentejanas adaptam-se à seca e passaram a dar leite em pó. No que diz respeito a eles próprios haviam substituído a àgua pelo vinho. Bebem vinho, cozinham com vinho, lavam-se com vinho. Tempos felizes que ameaçam chegar ao fim. Os mais novos nunca haviam visto àgua. Quando as nuvens começaram a despejar cairam em pânico. Uns esconderam-se debaixo cama, outros subiram para os telhados e muitos corriam de um lado para o outro, sem destino, monologando aturduídos: “Que tal está a moenga, compadri”!
Os mais religiosos fugiram para a Igreja a rogar a Deus que transformasse aquilo que caía do céu em vinhaça. Desde há dois dias que o Alentejo é um pandemónio.
E os meteorologistas afirmam a pés juntos que vai continuar a chover.
Explicam que devido ao aquecimento extremo, a corrente do Golfo alterou o seu curso e agora vai direitinha à costa alentejana. Ela transporta muita humidade e assim ocasiona chuva, chuva e mais chuva.
A propósito de chuva: quando estava hoje de manhã em Évora a fazer a reportagem vi um alentejano no passeio debaixo de uma goteira. A àgua caía a jorros sobre ele. Aproximei-me e perguntei: -“Oh! Amigo, porque na troca de lugar”? Responde ele muito calmo:
-“Eu cá trocava, mas com quem”?
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